Ano novo, finalmente.
Desconfio que passo os meus dias à espera deste virar da página. É só mais um dia, só mais um amanhã como todos os outros, eu sei, mas o ano novo renova-se e renova-me. Renova-me as energias, as esperanças e os sonhos. Renova-me a motivação. Entrega-me de novo à Fé.
Sim, à Fé. Eu sou uma pessoa de fé. Só não acredito nas coisas em que as pessoas normais acreditam. Em Deus e tudo isso. Mas se há coisa que eu sou é Fé. Fé na Natureza. Na vida da Terra na pulsação do vento e do mar. Fé nas pessoas. Fé no respeito. Na silenciosa simbiose tácita entre duas pessoas. Fé na bondade. Em bons pequenos gestos, em bons corações, em boa gente. Fé no amor. No campo gravítico que atravessa as fronteiras do mundo para unir duas almas. Fé no destino. Nas energias invisíveis do universo.
Sim, já sei, dar e receber, o velho e eterno karma... Sempre o karma. Oiço há anos falar dele; só ainda não tive o prazer de o conhecer. E é um bocado por aí que voltamos ao meu início: ano novo, finalmente. Talvez não te dês conta, ou não te dês o tempo e a hipótese de te dares conta, mas nós somos muito como um copo de água, que vai enchendo com os acasos da vida. E no limite, no fim dos fins, transbordamos. Para fora ou para dentro, pouco importa; depende de cada um, mas algures nesse limbo perdemos a nossa forma, a nossa estabilidade, e precisamos de nos reestruturar. E eu, pessoalmente, de tempos a tempos preciso de atirar mais lenha para o fogo da minha Fé, que vai esmorecendo e fumegando.
Nós precisamos destes ciclos. Das horas do dia, dos dias da semana, das semanas do mês, dos meses do ano e dos anos da vida. Já todos encontrámos abrigo à sombra de um "daqui por duas horas já estou em casa" ou de um "amanhã é um novo dia". De um "o fim-de-semana está mesmo aí" ou até de um "no próximo mês já vou de férias". São portos seguros que criámos sem nos apercebermos, para atracar quando a corrente fica demasiado turbulenta. O ano novo é só mais um exemplo. Com a diferença de que nos promete guardar novas 365 oportunidades de ser bem-sucedido, de ser feliz, de ser amado, de ser completo. É o ponto de viragem e recomeço mais forte deles todos.
Não te procuro, porque a Fé - a vida da Terra na pulsação do vento e do mar, a silenciosa simbiose tácita entre duas pessoas, os bons pequenos gestos de bons corações e boa gente, o campo gravítico que atravessa as fronteiras do mundo para unir duas almas, as energias invisíveis do universo - me diz que te vou encontrar num futuro incerto, nem mais tarde, nem mais cedo. Mas a cada virar de página faço muita força para que este seja o ano do futuro incerto, do nem mais tarde, nem mais cedo. Porque eu quero-te, quero-te loucamente, e porque sem te ter ainda tenho já saudades tuas. Quero dar-te a mão, entrelaçar os dedos nos teus e correr mundo fora, para conhecer contigo as maravilhas dos nossos recantos. E conhecer melhor ainda as maravilhas dos teus recantos, os encantos dos teus jardins e as dores dos teus desertos, que sei que guardas para além dos teus olhos e do teu sorriso. Quero beijar-te o pescoço; quero viver-te, quero amar-te. E quero acordar todos os dias, sem mais, à luz do teu sorriso e do teu olhar, ao sabor quente do teu beijo húmido, ao calor do teu toque frio.
Sem saber onde nem quando, sinto e sei que estás aí. E eu, de Fé renovada, só quero (ardo de desejo) que este ano seja de vez.
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