sexta-feira, março 17, 2006

[Ser Lusitano]

É olhar pela janela,
E observar o mar,
Pintar sobre a tela,
O desejo de navegar,
Num barco à vela,
Onde ninguém irá chegar,
A paisagem mais bela,
Que se poderá alcançar

O rumo inexplorado,
O sonho inesquecível,
O paraíso mais falado,
A Pátria invencível,
O grande barco alado,
Que atinge o impossível,
O mundo fechado,
Onde tudo é invisível

A terra esquecida,
Pela doce vitória,
A mágoa perdida,
Imbuida na glória,
A vela erguida,
Nas brumas da memória,
A saudação recebida,
Após anos de História

[Convulsão de Pensamento]

Aproxima-se o momento,
Estou pálido, estou tenso,
Aproxima-se o momento,
Estou nervoso, não penso,
O tempo corre lento,
Devagar e imenso,
O tempo anda lento,
Perfurante e intenso,
Que me leve o vento,
Vago e extenso,
Estou relutante e macilento,
Pregado a um lenço,
Pois que chega o momento,
Não sei se o venço,
Não posso chorar, será que tento?,
Preenche um lugar longo e denso,
Que tenebroso pensamento,
Deixar aquilo a que pertenço
Cair no esquecimento,
É coisa que dispenso,
E que me enche de sofrimento.