Tenho sede do Verão.
Tenho sede do calor. Sede do céu azul, do sol quente lá no alto e do bafo que paira no ar. Faltam-me as t-shirts, o calção de banho e as havaianas. A mochila às costas, o chapéu de sol ao ombro e a toalha debaixo do braço.
Falta-me a areia entrelaçar-se entre os dedos dos meus pés. Falta-me guerrear com a areia para enterrar o chapéu. Falta-me estender a toalha, deitar-me e remexer-me nela até moldar a areia ao meu corpo. Falta-me o cheiro a protector solar e a minha mãe perguntando a cada dois minutos se já pusemos nova dose.
Falta-me o caminho até ao mar a escaldar os pés. Falta-me o congelar dos ossos dos pés ao entrar na água. Falta-me a frescura da água que me percorre ao mergulhar e a frescura dos teus lábios depois de um mergulho. Falta-me o sabor a sal na boca. Falta-me o meio quilo de areia na cabeça e os cinquenta no fato-de-banho. Falta-me deixar que o sol me evapore a água do corpo. Falta-me o bronze na pele.
Falta-me o livro na toalha e depois na sombra do chapéu. Faltam-me as cartadas em família e o vólei à beira-mar. Falta-me uma imperial fresquinha na esplanada. Falta-me fugir à pressa da maré que sobe sem aviso. Falta-me o pôr-do-sol. Faltam-me as gaivotas que gozam os últimos minutos de sol junto da rebentação. Faltam-me as sestas na praia ao final da tarde. Falta-me a música das ondas, o som do mar.
Falta-me sacudir a areia das pernas e dos pés. Falta-me o mergulho na piscina ao chegar a casa. Falta-me a caipirinha ou o gin tónico na varanda. Falta-me a vermelhidão do sol nas maçãs do rosto. Falta-me o cansaço ao fim do longo dia de praia. A pele ressequida e o banho revigorante ao anoitecer. Faltam-me as jantaradas sem hora marcada e nova cartada noite fora. Falta-me o Verão.
Mas lá fora chove a potes.
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